sábado, 13 de setembro de 2014

GOVERNADORES DO TERRITÓRIO FEDERAL DO AMAPÁ


O Amapá até 1943, quando foi criado o Território, tinha jurisdição no Estado do Pará, reduzindo-se a apenas três municípios: Macapá, Mazagão e Aricari. A história dos governantes começa, portanto, a partir de 1944 quando o então capitão Janary Gentil Nunes é nomeado pelo presidente Getúlio Vargas para administra-lo.


·       Janary Nunes (Janeiro de 1944 a Fevereiro de 1956)

O primeiro e o que governou por mais tempo o Amapá (quase 12 anos). Nasceu em Alenquer (Pará) em 1º de junho de 1912 e faleceu no Rio de Janeiro em 15 de outubro de 1984. Casou em primeiro matrimônio com Iracema Carvão Nunes (falecida) e depois com a irmã de Iracema, Alice Déa Carvão Nunes.

Janary Nunes e a Primeira Equipe de Governo:

De 1933 a 1934 foi redator da Revista da Escola Militar, chegando ao cargo de diretor. Em 29 de dezembro de 1934 é declarado aspirante a oficial. Mais tarde é promovido a 2º Tenente, Capitão e Major, servindo no 26º BC em Belém, no Destacamento. Em 1938 ele está no comando do Pelotão de Fuzileiros de Oiapoque, e em seguida no 15º BC em Florianópolis (SC), e na 1ª Companhia Independente de Metralhadoras, no Rio de Janeiro. A primeira etapa de transformação do Amapá em Território Federal foi de autoria de Janary que, em 1944, após criação dos territórios, é nomeado governador, o primeiro. No período de setembro a outubro de 1954, foi substituído por Theodoro Arthou, voltando em 1955, e permanecendo até 1956.

De 1956 a 1959, exerceu a presidência da Petrobrás, colaborando no Plano de Desenvolvimento e Ampliação da empresa, no período de governo de Juscelino Kubitschek. Em 1960 é nomeado embaixador plenipotenciário e extraordinário do Brasil na Turquia. Deve-se a Janary a construção dos primeiros prédios escolares (Colégio Amapaense, Instituto de Educação, Escola Alexandre Vaz Tavares, da Rádio Difusora de Macapá, da Residência Governamental, da Praça Barão do Rio Branco, da Praça Veiga Cabral etc).

·       Theodoro Arthou (Setembro a outubro de 1954)

Continuando a obra de Janary, e ficando apenas dois meses no governo Theodoro Arthou conseguiu autorização da Câmara para construção de dez escolas no interior e um grupo escolar (Escola São Benedito) no bairro do Laguinho. Há poucos dados sobre Theodoro Arthou. Sabe-se que ele foi Procurador Geral da República antes de assumir o governo do Amapá.

·       Amílcar Pereira (Fevereiro de 1956 a fevereiro de 1958)

Em seu governo o Amapá sagra-se campeão brasileiro de natação infanto-juvenil, no Rio de Janeiro, e é criado o município de Calçoene (22 de dezembro de 1956). Também é inaugurado o Porto de Santana, com a presença do presidente Juscelino Kubitschek e Augusto Antunes (ICOMI) iniciando-se a exportação do manganês no Amapá. É inaugurada a Escola Coaracy Nunes, no bairro Santa Rita (21 de março de 1957) e chega a Macapá o terceiro grupo de imigrantes japoneses (20 famílias, em 22 de março de 1957). O final de seu governo é marcado por uma tragédia: um acidente aéreo nas matas do Macacoari, ceifando a vida de Coaracy Nunes, Hildemar Maia e Hamilton Silva.

·       Pauxy Gentil Nunes (Fevereiro de 1958 a Fevereiro de 1961)

Governou o Amapá por três anos, em meio ao trauma causado pela morte do deputado Coaracy Nunes. Foi em seu governo que as ruas de Macapá receberam asfalto pela primeira vez, mas foi o interior que mereceu maior atenção, com a criação de colônias agrícolas e núcleos coloniais, além de fazendas-modelo em Aporema e Tucunaré. Como desportista, incentivou o futebol e a natação em todas as escolas. Conhecido como o “Caudilho do Norte” Pauxy foi o responsável direto pela eleição de João Havelange como presidente da FIFA (Federação Internacional de Futebol Associado) num congresso nacional de Federações que ocorreu em Macapá.

·       José Francisco de Moura Cavalcante (Março a setembro de 1961)

Inimigo político de Janary Nunes, Moura Cavalcante foi nomeado por Jânio Quadros. Governou apenas seis meses, sem alguma relevância administrativa.

·       Mário de Medeiros Barbosa (Setembro a outubro de 1961)

Como governou apenas dois meses, não há fato relevante em sua administração.

·       Raul Montero Valdez (Outubro de 1961 a novembro de 1962)

Em seu período de governo é fundado o Tiro de Guerra 130, e várias inaugurações no interior, como motores de luz e campos de pouso.

·       Terêncio Furtado de Mendonça (Novembro de 1962 a abril de 1964)

Nomeado pelo presidente João Goulart, o coronel de Exército Terêncio Furtado de Mendonça Porto assume o governo do Amapá com apoio do deputado Janary Nunes, mas seu governo teve de enfrentar as turbulências da ditadura militar que consegue dar seu golpe e depor Jango. Eis os principais acontecimentos ocorridos no período:

— Surge em Macapá o jornal Opinião, semanal, de propriedade de Pauxy Nunes;
— É criada a Guarda Noturna de Macapá (1962);
— É fundada a Associação Amapaense de Imprensa (1963);
— Surgem os primeiros manifestos em pró-Estado do Amapá (1963).

·       General Luiz Mendes da Silva (Abril de 1964 a abril de 1967)

Nomeado pelo marechal Castelo Branco, Luiz Mendes veio com plenos poderes para fazer prevalecer os pressupostos da "Revolução" de 1964, e "manutenção da ordem". Entre outras obras, Luís Mendes:
— Cria o Diário Oficial do Território do Amapá (1964);
— Delimita, pela primeira vez, a zona urbana de Macapá;
Muda a denominação de Escola de Prendas Domésticas para Ginásio — Feminino de Macapá (atual Escola Santina Riolli);
— Institui a Comissão Territorial de Investigação Sumária para "apurar atividades dos servidores territoriais que queriam tentar contra a Segurança Nacional”;
— Muda o nome Escola Industrial para Ginásio de Macapá, a atual Escola Integrada de Macapá;
— Cria a SATFA (Superintendência de Abastecimento do Território Federal do Amapá);
— Constitui a Companhia Amapaense de Telefones;
— Inaugura a UHE Coaracy Nunes, no Paredão, e o Posto Médico da Fazendinha.

·       General Ivanhoé Gonçalves Martins (Abril de 1967 a Novembro de 1972)

Matogrossense de nascimento, o segundo governador da ditadura militar continuou a missão de Luís Mendes. Seu governo foi marcado por agitações políticas. Entre outras coisas:
— Autorizou a instalação de uma fábrica de compensados em Santana (BRUMASA);
— Construiu o Ginásio Paulo Conrado e o Ginásio Normal Rural de Amapá;
— Cria o Conselho Territorial;
— Inaugura a BR-156, de Macapá a Clevelândia;
— Foi em seu período de governo que a Rádio Educadora São José entrou no ar, e ironicamente foi fechada por outro governador militar (Arthur Henning).

·       Capitão de Mar e Guerra José Lisboa Freire (Novembro de 1972 a abril de 1974)

O capitão Lisboa Freire é o primeiro de três oficiais da Marinha a governar o Amapá. Sua passagem durou apenas dois anos e ele constituiu-se como um administrador híbrido. A maior contribuição foi na estruturação administrativa do Amapá. A partir dele o Amapá passa para o domínio da Marinha, sendo Rondônia com o controle do Exército, e Roraima da Aeronáutica.

·       Capitão de Mar e Guerra Arthur de Azevedo Henning (Abril de 1974 a março de 1979)

Com o governo do mineiro Arthur Henning Macapá tem seu primeiro Plano Urbanístico. Ele se notabilizou pela dinâmica administrativa e modernização da cidade. Entre outras coisas, Henning:
— Trouxe a televisão para Macapá, inaugurando o primeiro canal (6), com imagens da Rede Globo;
— Transfere o controle da UHE Coaracy Nunes para a Eletronorte;
— Substitui a antiga Guarda Territorial pela Polícia Militar do Amapá;
Há três fatores negativos em seu governo:
— Consegue a desativação da Rádio Educadora São José;
— Com a criação da Rádio Nacional de Macapá, ele desativa a Difusora e transfere todo o seu equipamento para a nova emissora;
— Ficou conhecido o jargão de sua autoria: "O Amapá não tem história”...

·       Capitão de Mar e Guerra Anníbal Barcellos (Março de 1979 a Julho de 1985)

O último militar do período do golpe. Conseguiu se popularizar ao ponto de mais tarde se eleger deputado federal e prefeito de Macapá. Administrativamente não apresentou nenhum plano, apenas pôs em prática aquilo que já estava planejado no período de Arthur Henning, modificando alguns parâmetros. Entre eles:

— Extensão de energia elétrica 24 horas para Mazagão;
— Inauguração de várias praças na capital, o que lhe valeu a alcunha de "Pracellos";
— Compra "a primeira usina de asfalto" para Macapá;
— Cria uma empresa estatal de navegação (SENAVA) e manda construir navios de médio porte para o transporte fluvial entre Macapá e Belém;
— Cria comissão para elaboração dos símbolos oficiais do Estado;
— Cria o Conselho Territorial de Cultura;
— Embeleza a cidade com vários prédios (Teatro de Macapá, Banco do Estado do Amapá), dando um contorno arquitetônico modernista.

1985 a 1990 - Governadores Civis Nomeados:

·       Jorge Nova da Costa (Julho de 1985 a maio de 1990)

O engenheiro agrônomo e economista Jorge Nova da Costa governou o Amapá por três anos e quatro meses. Suas obras principais foram:

— Construção do prédio do Processamento de Dados;
— Instalação da primeira Delegacia de Crimes contra a Mulher;
— Ampliação do contingente da Policia Militar do Amapá, de 950 para 1.673 soldados;
— Construção do prédio da Junta Comercial do Amapá;
— Várias obras no interior do Estado, na área agrícola.

·       Doly Mendes Boucinhas (Maio de 1990)

A rápida passagem do militar Doly Mendes Boucinhas, (menos de um mês) ocorreu para que fosse resolvido o impasse entre o presidente eleito do Brasil, Fernando Collor, e o governador Jorge Nova da Costa. Collor, ao assumir o poder, havia indicado o nome do sergipano Gilton Pinto Garcia para o governo do Amapá até a eleição do primeiro governador. Jorge Nova, por sua vez, insiste em ficar por ter tido o "referendum" do Congresso. Assim, Dolly Boucinhas fica no poder até a resolução do impasse.

·       Gilton Pinto Garcia (Maio de 1990 a dezembro de 1990)

Amigo do presidente Collor, o advogado sergipano Gilton Garcia governa o Amapá por sete meses. Filho de Luís Garcia e Emília Marques Pinto Garcia, Gilton nasceu em Aracaju (Sergipe) em 5 de janeiro de 1941. Em abril de 1975 é eleito presidente da OAB de Sergipe até 1979, quando em agosto, é nomeado Procurador Geral de Justiça do Estado de Sergipe. Em novembro de 1983 é eleito deputado estadual pelo PDS. Em abril de 1990 é nomeado governador do Amapá, pelo presidente Collor, mas só assume em 25 de maio. Entre as obras de destaque:

— Concluiu a primeira etapa do Estádio Zerão;
— Concluiu o Teatro das Bacabeiras, obra iniciada no governo Barcellos;
— Concluiu e inaugurou o prédio do Tribunal de Contas;
— Iniciou a construção do Tribunal de Justiça do Amapá.

Os governadores seguintes foram eleitos diretamente, após a transformação em estado ser efetivada.

REFERÊNCIAS:
      
MORAIS, Paulo Dias. Governadores do Amapá: principais realizações. Macapá: Gráfica J.M., 2005.

SANTOS, Fernando Rodrigues dos. História do Amapá. Macapá: Valcan Ltda, 1994.