quinta-feira, 29 de abril de 2021

PANDEMIA E A HISTÓRIA

Qual seria então a importância de perceber a relação entre as doenças e a História?

A doutora em medicina Rita de Cássia Barradas Barata em um artigo publicado na revista caderno de Saúde Pública, explica que quando vamos analisar uma epidemia é importante entender o seu contexto. Segundo ela, os surtos epidêmicos sempre estiveram presentes na história humana, mas eles se intensificam em alguns momentos específicos. Um exemplo da relação entre as pandemias e o contexto citado por ela, é o surgimento de mais doenças no final do século XIX e XX em decorrência da expansão imperialista das potências europeias e dos EUA.

Nesse sentido, isso ocorre, principalmente, em tempo de crises sociais ou mudanças nos modos de produção de determinada sociedade.

Ainda segundo a autora, existem dois importantes vieses para analisar uma epidemia do ponto de vista histórico: o conhecimento que determinada sociedade tinha sobre o fenômeno e as formas que o Estado atuou nesse período.

A forma como uma sociedade reage em tempos de pandemias reflete muito sobre ela. Uma das principais diferenças nessas reações está relacionada com o conhecimento médico.

O médico Stefan Cunha Ujuari, mestre em doenças infecciosas pela Unifesp e autor do livro “A História da Humanidade contada pelo vírus”, aponta que antes do desenvolvimento da medicina microbiana no século XIX, a falta de conhecimento científico fazia com que as pessoas acreditassem que a sua causa estava ligada à castigos divinos, bruxarias ou ações demoníacas.

Além da relação com a superstição, o autor também salienta a relação da doença com o contexto em que ela se desenvolveu. Para ele, as conquistas territoriais, as guerras e a expansão do comércio contribuíram para espalhar vírus e bactérias para outros lugares do mundo. Conforme ele salienta na frase em que diz que os “microrganismos foram globalizados pelo homem”.

Medicina X Superstições

As práticas de confinamento dos doentes como estratégia para conter a proliferação das doenças só começou no século XVIII, antes disso a prática já podia ser verificada em alguns locais e períodos diferentes, mas não com o aspecto de política com entendimento sanitário.

É no final da Idade Média, com o surgimento das Universidades, que o conhecimento médico ocidental passa por mudanças e vai, aos poucos, deixando o aspecto supersticioso de “castigo divino”. Nesse período, surge então o conceito de epidemia, que designa a elevação dos casos de determinada doença de forma brusca em um local específico como uma cidade, estado ou país. Quando a dimensão, de quantidade e espaço, se eleva a nível de continentes ou até mesmo global, essa epidemia que se espalhou passa a ser chamada de pandemia.

Na passagem do século XIX para o XX, a criação das vacinas revoluciona o modo como as sociedades tratam seus doentes, gerando então a prática da imunização em massa.

 

Trechos da publicação “Pandemias: como as doenças mudaram a História”

Publicado por Caroline Dähne em 01/04/2020

 

https://nastramasdeclio.com.br/historia/pandemias-como-as-doencas-mudaram-a-historia/

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário