Qual seria então a importância de perceber a
relação entre as doenças e a História?
A doutora em medicina Rita de Cássia Barradas
Barata em um artigo publicado na revista caderno de Saúde Pública, explica que
quando vamos analisar uma epidemia é importante entender o seu contexto.
Segundo ela, os surtos epidêmicos sempre estiveram presentes na história
humana, mas eles se intensificam em alguns momentos específicos. Um exemplo da
relação entre as pandemias e o contexto citado por ela, é o surgimento de mais
doenças no final do século XIX e XX em decorrência da expansão imperialista das
potências europeias e dos EUA.
Nesse sentido, isso ocorre, principalmente, em
tempo de crises sociais ou mudanças nos modos de produção de determinada sociedade.
Ainda segundo a autora, existem dois
importantes vieses para analisar uma epidemia do ponto de vista histórico: o
conhecimento que determinada sociedade tinha sobre o fenômeno e as formas que o
Estado atuou nesse período.
A forma como uma sociedade reage em tempos de
pandemias reflete muito sobre ela. Uma das principais diferenças nessas reações
está relacionada com o conhecimento médico.
O médico Stefan Cunha Ujuari, mestre em doenças
infecciosas pela Unifesp e autor do livro “A História da Humanidade contada
pelo vírus”, aponta que antes do desenvolvimento da medicina microbiana no
século XIX, a falta de conhecimento científico fazia com que as pessoas
acreditassem que a sua causa estava ligada à castigos divinos, bruxarias ou
ações demoníacas.
Além da relação com a superstição, o autor
também salienta a relação da doença com o contexto em que ela se desenvolveu.
Para ele, as conquistas territoriais, as guerras e a expansão do comércio
contribuíram para espalhar vírus e bactérias para outros lugares do mundo.
Conforme ele salienta na frase em que diz que os “microrganismos foram
globalizados pelo homem”.
Medicina
X Superstições
As práticas de confinamento dos doentes como
estratégia para conter a proliferação das doenças só começou no século XVIII,
antes disso a prática já podia ser verificada em alguns locais e períodos
diferentes, mas não com o aspecto de política com entendimento sanitário.
É no final da Idade Média, com o surgimento das
Universidades, que o conhecimento médico ocidental passa por mudanças e vai,
aos poucos, deixando o aspecto supersticioso de “castigo divino”. Nesse
período, surge então o conceito de epidemia, que designa a elevação dos casos
de determinada doença de forma brusca em um local específico como uma cidade,
estado ou país. Quando a dimensão, de quantidade e espaço, se eleva a nível de
continentes ou até mesmo global, essa epidemia que se espalhou passa a ser
chamada de pandemia.
Na passagem do século XIX para o XX, a criação
das vacinas revoluciona o modo como as sociedades tratam seus doentes, gerando
então a prática da imunização em massa.
Trechos da publicação “Pandemias: como as
doenças mudaram a História”
Publicado por Caroline Dähne em 01/04/2020
https://nastramasdeclio.com.br/historia/pandemias-como-as-doencas-mudaram-a-historia/
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